quarta-feira, 21 de junho de 2017

Opinião "O Filho Dourado", Pierce Brown

Sinopse

“Nascido Vermelho, Darrow trabalhava nas minas de Marte, suportando a dureza do trabalho enquanto sonhava com um mundo mais justo, uma sociedade livre da intriga e dos jogos de poder. Os Dourados, que escravizam e oprimem os restantes, só podem ser derrotados por uma rebelião das castas. Mas para que tal aconteça foi necessário que Darrow se tornasse num Dourado e, uma vez infiltrado, promovesse a revolta. Neste tão esperado segundo volume da trilogia Alvorada Vermelha, Darrow, agora um Dourado, vê-se confrontado com novos desafios. O seu sucesso atrai inimigos terríveis que usam a intriga e a política como arma. Porém, Darrow está determinado a defender o amor e a justiça, ideais seguidos por Eo, apesar de se saber rodeado por adversários sem escrúpulos que pretendem eliminá-lo.”

Opinião

Parti para a leitura desta obra, o segundo volume da trilogia Alvorada Vermelha, sem grandes expectativas. Gostei do primeiro volume, sobretudo devido ao retrato dos estratos sociais por cores com funções definidas, mas as suas excessivas semelhanças com Hunger Games não me deixaram particularmente entusiasmada com a perspectiva de ler a continuação. Com efeito, e apesar de integrar o tema da mitologia (sempre interessante), esta obra não me prendeu.

“O Filho Dourado” segue o percurso de Darrow após a saída do Instituto, no mundo real dos Dourados, com as respectivas intrigas políticas e constantes mudanças de direcção dos ventos do poder. Mas, na minha opinião, teve vários problemas, o primeiro dos quais a construção da personagem principal e desfecho dos seus vários reveses. Durante a maior parte do livro, de cada vez que Darrow & companhia se vêem envolvidos em alguma situação difícil, acaba por ser revelado que tinham previsto há muito a dita dificuldade e tido tempo para desenhar um plano secreto que lhes permitia sair invencíveis. Esta tendência tornou-se aborrecida ao fim de algum tempo, e fez-me perder progressivamente o interesse na narrativa. Apesar de nos acontecimentos das últimas 100/150 páginas do livro isto não se verificar, quando lá cheguei já estava saturada da permanente glória do grupo de Darrow, sendo cada novo desafio encarado como pouco desafiante.

Também a tradução da edição que li não me deixou entusiasmada. Com expressões semelhantes às usadas em português do Brasil e trocas de nomes, sobretudo na última parte da obra, pôs em causa a fluidez da leitura.

Apesar destes pontos menos positivos, “O Filho Dourado”, tal como a sua obra antecessora, tem uma narrativa complexa, com múltiplas personagens que evoluem e mudam ao longo da história, com motivações nem sempre claras (e que por vezes vão mesmo contra o seu carácter até àquele momento). É uma obra rica em cenas de batalha e intrigas, e com uma ideologia forte de igualdade e liberdade. Por vezes foi difícil identificar-me com Darrow, por nunca estar em verdadeiro perigo, nunca estar verdadeiramente vulnerável até às últimas páginas. No entanto, esta é uma obra que põe o leitor a pensar, em que diferentes personagens têm diferentes visões acerca da Sociedade que consideram ideal.

Esta é uma boa trilogia para quem é fã de distopias para um público juvenil e, sobretudo, de mitologia. Integra várias tradições mitológicas, misturando a grega com a romana e a nórdica. Esse ponto e a originalidade das cores a dividir os vários estratos sociais são o que torna estas obras especiais. E, apesar de este segundo volume não me ter enchido as medidas, tenciono ler o terceiro para saber que rumo levará esta Sociedade distópica e que destino aguarda Darrow e os seus companheiros.


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