terça-feira, 4 de agosto de 2015

Opinião - "O Nadador", Joakim Zander

Sinopse

"Damasco. Uma noite quente no princípio dos anos 80. Um agente americano entrega a sua bebé a um destino incerto, uma traição que jamais se perdoará e que será o começo de uma fuga de si próprio. Até ao dia em que não pode continuar a esconder-se da verdade e se vê obrigado a tomar uma decisão crucial.

Trinta anos depois, Klara Walldéen, uma jovem sueca que trabalha no Parlamento Europeu, vê-se envolvida numa trama de espionagem internacional na qual está implicado Mahmoud Shammosh, o seu antigo amante e ex-membro das forças especiais do exército sueco.

Klara e Mahmoud transformam-se no alvo de uma caçada através da Europa, um mundo onde as fronteiras entre países são tão ténues como a linha que separa um aliado de um inimigo, a verdade da mentira, o passado do presente."


Opinião

Comecei a ler "O Nadador", primeira obra de ficção de Joakim Zander, com aquele terrível sentimento que estraga tantas potencialmente boas leituras: expectativas elevadas. Há alturas em que só nos apetece pôr as mãos num livro de um determinado género, e policial era o que me aprazia quando comecei a ler esta obra, com vontade de nela encontrar um escape do entediante dia-a-dia de estudo intensivo. Acabou por não ser o típico policial que tanto ansiava, mas não desiludiu!

"O Nadador" revelou-se um daqueles livros-filme de acção, um misto de thriller e acção com alguns laivos de mistério. Na primeira metade, leva o leitor numa viagem frenética pela Europa, enquanto dá a conhecer as personagens principais. A segunda, num ritmo mais lento, vive do suspense, de um tenso jogo do gato e do rato.

Um dos pontos que mais me surpreendeu pela positiva nesta obra foi o facto de nada ser impossível. Não gosto quando sinto que as personagens estão salvas, que nunca nada de mau lhes acontecerá só pelo facto de serem instrumentos de uma narrativa. Este é um livro de acção. Há vilões, personagens que estão indiscutivelmente para lá dos limites da moralidade, cujas acções têm consequências (e vítimas que não o são só parcialmente). Apesar disso, fiquei com a sensação de que faltou um momento de conclusão no final, uma resolução para o encontro que esteve pendente toda a obra e que acabou por, na minha opinião, nunca chegar a ser satisfatório. É provável que, mesmo que tivesse acontecido, não o fosse, ou que não chegasse a ser adequado ao tom geral da obra. Apesar de tudo, penso que as personagens, construídas cuidadosamente e de forma tão completa ao longo de todo o livro, mereciam um pouco mais. Estas, mesmo as mais aparentemente desagradáveis, acabam por cativar o leitor, surpreendendo-o com algumas decisões que tomam, mas mantendo-se fundamentalmente iguais, tal como o final acaba por revelar de forma algo caricata.

Creio, também, que só se revela demasiado tarde o motivo de tão obstinada perseguição e tão urgente fuga. Durante toda a obra, a acção é vertiginosa, só sendo dado a conhecer de forma concreta o porquê na parte final. Serve o propósito da acção, mas conhecer um pouco mais cedo os meandros e motivações do inimigo (e talvez desenvolvê-los um pouco melhor) ajudaria a apreciar bastante mais os momentos de suspense.

Ainda assim, foi um livro que cumpriu perfeitamente o que prometeu! Para a primeira obra de ficção de um autor, está extremamente bem conseguida, com uma abordagem corajosa, sem medo de sacrificar a história com as tragédias que inevitavelmente acontecem numa narrativa em que o herói se opõe a um vilão tão temível.


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