Sinopse
"Num dia de outono de 1686, a jovem Nella Oortman, recém-casada com um próspero mercador de Amesterdão, Johannes Brandt, chega à cidade na expetativa da vida esplendorosa que este casamento auspicioso lhe promete. Mas, entre a amabilidade distante do marido e a presença repressiva da cunhada, Nella sente-se sufocar na sua nova existência.
Até que um dia, Johannes lhe oferece uma réplica perfeita, em miniatura, da casa onde vivem. Nella encomenda então a um miniaturista algumas peças para ornamentar a casa. Mas algo de surpreendente acontece: novas encomendas de miniaturas continuam a chegar sem terem sido solicitadas, como presságios silenciosos de futuras tragédias.
O Miniaturista é um romance de estreia magnífico, sobre amor e traição, que evoca com grande sensualidade a atmosfera da Amesterdão do século XVII. Bestseller do New York Times e do Sunday Times, este livro foi ainda considerado o melhor livro do ano de 2014 pela Waterstones."
Opinião
O Miniaturista era um livro para mim muito ansiado, com uma premissa original e um imenso potencial. Fiquei muito contente quando soube que ia ser traduzido para português há meses atrás e, como tal, as expectativas eram bastante elevadas quando o comecei a ler. No entanto, não defraudando de todo essas expectativas, não correspondeu em nada ao que estava à espera. Uma história que esperava relativamente leve revelou-se o oposto. É um livro onde emoções como o sofrimento, a solidão e a incompreensão estão muito presentes, mas onde não deixa de haver sempre um refúgio e espaço para a esperança.
Esta obra foi um constante mistério. Nas primeiras páginas revela de imediato um acontecimento preponderante, o que na minha opinião acabou por ser uma mais valia por me ter colocado de imediato a reflectir, mas nunca deixa de haver novos segredos desvendados onde e quando menos se espera. É uma leitura fácil, e senti-me sempre compelida pelo facto de tudo estar em constante mudança: a acção, a realidade em que as personagens vivem, as próprias personagens. Estas evoluem quase a cada virar de página, maleáveis à influência que cada inesperado acontecimento exerce sobre elas, caminhando inevitavelmente em direcção ao seu destino.
Um dos meus pontos preferidos foi, na verdade, o núcleo de personagens femininas. Cada uma ocupa um papel bem definido, mas não deixam de surpreender o leitor com a forma como se relacionam, como se antagonizam e se amparam, por vezes em simultâneo. Apesar de ter um leque variado de personagens, são no fundo as mulheres que constituem o seu núcleo, o que não acontece frequentemente na literatura contemporânea de uma forma tão bem concretizada.
O universo construído pela autora foi também muito bem conseguido. É notória a pesquisa que fez, utilizando termos neerlandeses e reconstituindo não só o ambiente de Amsterdão do século XVII, como também o de uma cidade de mercadores, de muito ricos e muito pobres, com assimetrias sociais e permanentes interesses ocultos.
Por fim, e em consonância com quase todos os outros aspectos desta obra, a figura do Miniaturista, que dá nome a esta obra, também não correspondeu em nada ao que esperava. Nunca chega a ser uma figura central ou mesmo uma personagem principal. Nunca intervém de forma evidente nem actua de maneira visível, mas de alguma forma está sempre presente, sendo passivamente activa e assumindo, através da influência que exerce, uma importância fulcral. Deixa apenas a sensação de que não houve uma verdadeira resolução na forma como esta parte da história terminou, de que existem algumas pontas soltas e pequenos recantos que continuaram na escuridão. É possível que, caso fossem revelados, desejasse que não tivessem sido. O Miniaturista é, afinal, a engrenagem essencial que faz com que os mistérios e segredos funcionem tão bem nesta obra. Porque não permitir-lhe alguns?
«Nada do que está oculto deixará de ser revelado...»
Deixamos os nossos mais sinceros agradecimentos à Editorial Presença,
que gentilmente nos cedeu um exemplar desta obra!
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