segunda-feira, 9 de junho de 2014

Opinião - "Se Eu Ficar", Gayle Forman


Edição: 2010 (1ª)
Páginas: 216
ISBN: 9789722343183
Goodreads: mais informação aqui.



Sinopse

“Naquela manhã de Fevereiro, quando Mia, uma adolescente de dezassete anos, acorda, as suas preocupações giram à volta de decisões normais para uma rapariga da sua idade. É então que ela e a família resolvem ir dar um passeio de carro depois do pequeno-almoço e, numa questão de segundos, um grave acidente rouba-lhe todas as escolhas. Nas vinte e quatro horas que se seguem, Mia, em estado de coma, relembra a sua vida, pesa o que é verdadeiramente importante e, confrontada com o que faz com que valha mesmo a pena viver, tem de tomar a decisão mais difícil de todas.”

Opinião

Globalmente, gostei muito deste livro. No entanto, a viagem pelo mundo criado na autora começou de forma um pouco atribulada. Fiquei bastante irritada com o prefácio (que o digam as restantes Bloguinhas, que tiveram de me ouvir), pois, na minha opinião, revela demasiado sobre a história que ainda nem começou. Detesto spoilers, e não me consegui abster do que tinha lido durante o início do livro. Esse efeito foi-se desvanecendo, mas ainda assim preferia que o texto do Prefácio estivesse no fim do livro, onde o poderia apreciar pela sua veracidade e carga emocional.

Desabafos à parte, achei o livro fenomenal. A história não é muito fora do comum, a escrita não é demasiado floreada – é uma história tão real e tão mundana que toca no nosso próprio mundo (o que por si é terrivelmente assustador), escrita de forma simples e despretensiosa. Lê-se muito bem e rapidamente, conseguiu prender-me às páginas e fazer-me criar uma forte ligação com todas as personagens. 

Quem lê a sinopse pode achar que se trata de uma história sobre a morte; eu achei precisamente o contrário, que é sobre a vida. A maior parte do romance retrata a vida de Mia, uma adolescente como todas as outras, insegura sobre a sua própria identidade e sobre o futuro, a tentar encaixar-se no mundo à sua volta (mas diferente, como todas as outras – cada um de nós encerra mil e um dilemas de que nem aqueles que mais nos são próximos conhecem na realidade). Mia relembra, em flashbacks, episódios de maior e menor importância, mas que vêm à superfície da sua consciência quando confrontada com a decisão de ficar na terra ou partir para o que vier depois da vida, e com os acontecimentos que se seguem ao seu acidente. 

A dor demonstrada pelos que gostam de Mia é particularmente comovente. Cada indivíduo tem a sua maneira de lidar com um evento tão traumático e com a possibilidade da morte de um ente querido, não deixando, porém, qualquer dúvida em relação ao seu amor pela rapariga. Quer seja o amor dos seus avós e familiares, que fazem tudo para evocar a força que vêem em Mia; o da sua melhor amiga, Kim (uma personagem muito bem conseguida), que faz tudo o que pode e não pode para a ajudar quando mais precisa; e, finalmente, o amor de Adam, o seu namorado. Sou tão céptica quanto ao amor em idades precoces como qualquer outra pessoa, mas esta história de amor é credível; os protagonistas são adolescentes, estão a começar uma nova fase das suas vidas, e isso não é ignorado pela autora. As relações são feitas de altos e baixos, a que Mia e Adam não escapam, mas que na sua maioria enriquecem o elo que os une. Adam também é uma personagem de que gostei muito, pela sua complexidade e realismo. Esta complexidade estende-se também à família de Mia. Ninguém pode ser definido numa única expressão, por um estereótipo, nem reduzido à maneira como se veste ou à música que ouve. A autora fez uma caracterização excelente das personagens, neste aspecto.

A memória do nascimento do seu irmão, Teddy, e a revelação que a despoleta, foram as primeiras páginas que me levaram lágrimas aos olhos; ao chegar aos últimos capítulos, deixei de conseguir contê-las.

O livro é direcionado ao público juvenil, que possivelmente criará uma maior ligação com as personagens mais jovens. No entanto, penso que a mensagem de amor, de união nos momentos mais difíceis e da dureza da perda de alguém que amamos é transversal.





Nota: Descobri recentemente que a história será adaptada ao cinema, o que me deixou curiosa. Aqui fica o trailer, para quem quiser dar uma espreitadela, mas se são como eu e não suportam spoilers, aconselho a não ver o trailer antes de ler o livro ou mesmo de ver o filme (vão por mim – vai valer a pena!)



1 comentário :

  1. Olá, Bárbara!
    Acabei de ler a opinião da Rosana sobre este livro e tive imediatamente de "espreitar" a tua. Falam tão bem deste livro que é impossível não o querer ler.
    Infelizmente, já vi o trailer, mas se chegar a ler o livro lembro-me de não ler o Prefácio. Recentemente também li um livro, "O Grande Gatsby", cujo Prefácio, que gostei muito de ler até, revela um pouco mais sobre que tipo de final este livro poderá ter. Talvez os Prefácios devessem ser mesmo colocados no fim de um livro, porque normalmente eles vêm "carregados" de "informação extra" que não precisamos de saber, mas é a mesma coisa com trailers de filmes, não é? As sinopses dos livros são quase sempre um pouco evasivas demais e os trailers das adaptações revelam as respostas às perguntas das sinopses. Enfim... o mundo adora spoilers. ;)
    Beijinhos e Boas leituras!
    *Mistery

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